quinta-feira, 2 de julho de 2015

Super veganas, ativar!

Outro dia, numa mesa de chopp com minha prima, ela me disse: “Nossa, prima, você é um ser humano especial. É mais evoluída. É iluminada”. Apertei os olhos e perguntei: “Oi? Por que?”. Ela me respondeu que acredita que pessoas veganas são mais evoluídas e por isso conseguem viver sem matar os animais.

Por um momento senti a tentação de aceitar o elogio e, assim, poder ostentar o título de ultra mega blaster mestre da evolução. Fiquei pensativa. Imaginei uma cena: eu de capa voadora e uniforme sexy de super-heroína, flertando com vilões, trazendo-os comigo para o lado do bem e, depois, sendo aplaudida pela multidão agradecida. Super vegan. Musiquinha de filme da Marvel tocando na minha cabeça. Fiquei até com um sorrisinho babaca no rosto.

Voltando à realidade, estou eu lá embaixo, junto da mesma multidão. Nada tenho que me diferencie de nenhum outro ser humano, seja ele vegano ou carnista. Nada desse papo de evolução, iluminação. Nada disso.

É preciso esclarecer: quando eu comia carne, eu gostava de carne. Quando eu comia queijo, eu gostava de queijo. E eu simplesmente amava brigadeiro. Chupava leite condensado na lata e comia camarão de espeto na praia.

Se eu fosse diferente de qualquer pessoa, eu deveria ter sentido o asco que essas coisas hoje me provocam desde o meu primeiro dia de vida. Só que não. Comia tudo achando bem legal.

O meu veganismo não é transcendente. Não é espiritual. Não é um superpoder (I wish!).

Não é preciso nenhum dom especial para se sensibilizar com o sofrimento inominável ao qual os animais são submetidos todos os dias. Eles são cozidos vivos. Têm suas peles arrancadas, sentindo cada minuto de dor. São separados de suas mães no momento do nascimento. São triturados aos milhares em liquidificadores gigantes. São espancados. São estuprados. Vivem confinados em espaços minúsculos, em que qualquer movimento, mesmo o movimento de uma asinha, fica impossibilitado. Só saem desse umbral para morrer. E lentamente.

Qual é o nível de evolução necessário para ser contra tudo isso?

O paladar não pode estar acima de princípios tão básicos como o da não violência. Quando você se conscientiza a respeito do terror que está patrocinando, o veganismo passa a ser a escolha mais fácil. Praticar crueldade ou ser vegano? Financiar a tortura ou ser vegano? Matar ou ser vegano? São escolhas muito simples. E qualquer pessoa pode escolher ser vegana. A qualquer momento.

Quer ver iluminação, bondade, transcendência? Olhe dentro dos olhos dos animais que hoje você costuma comer ou explorar. Conviva com um deles. Apenas por um dia. Aí, minha amiga ou amigo, você vai conseguir ver algo realmente especial.

Se alguém ainda quiser me creditar algum superpoder, eu posso humildemente assumir um: caso queira virar vegetariano ou vegano, vem comigo. Vou lançar meu raio veganizador em você.

Escrito por Helena Mourão

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